A FAMÍLIA NA CIVILIZAÇÃO DO AMOR

Em 2013, a Congregação para a Educação Católica promulgou um importante documento denominado Educar no diálogo intercultural na escola católica. Por ocasião da publicação deste documento, o cardeal Zenon Grocholewski (então prefeito da Congregação) deu uma entrevista na qual declarava: “o objetivo final da educação no diálogo intercultural é a construção de uma civilização do amor”. Em 2017, por ocasião dos 50 anos da promulgação da encíclica Populorum Progressio, a Congregação renovou essa intenção no documento Educar no humanismo solidário para construir uma ‘civilização do amor’ (2017). No referido documento, a Congregação relança a prioridade da construção da civilização do amor e exorta todas as pessoas comprometidas com a educação a viverem suas experiências educativas em função dos princípios e valores próprios de uma civilização do amor. Diante destas solicitações, levantamos a seguinte pergunta: qual é a atribuição da família nesse processo de construção da civilização do amor? É importante destacar que essa pergunta não obedece a uma simples curiosidade teórica. A pergunta aqui levantada toca a questão de cómo os pais católicos precisam exercer seu direito-dever de educar seus filhos no contexto das transformações culturais em que vivemos. O núcleo principal da pergunta levantada é precisamente: qual é o papel das famílias na construção de um ideal de sociedade mais coerente com a fé católica? Para responder essa pergunta, contudo, tivemos a necessidade de responder a outra tão complexa quanto a primeira: Afinal, qual é o ideal social e político da Igreja? Em outras palavras, o que é a civilização cristã? Ora, pretende-se com esta pergunta reascender com maior realismo os velhos projetos de construção da autêntica cristandade ou se pretende apresentar outra utopia católica? Para responder a essa pergunta sobre o ideal social da Igreja, o autor dedicou uma longa análise histórica e teológica a fim de entender a origem das principais ideias católicas sobre sociedade e política. Uma das principais contribuições desse livro no âmbito da moral social católica é conseguir atingir um diagnóstico acertado e profundo de como se formaram as três grandes tendências de pensamento católico no que se refere à sociedade: tradicionalismo, progressismo e reformismo. Sem recomendar completamente nenhuma destas tendências, o autor opta por uma solução que promove uma educação para a vida mística que paradoxalmente se expande naturalmente para as manifestações culturais mediante o testemunho cristão.